segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Vida e Missão nesse Chão

Olá!
Enviamos um e-mail falando do Projeto Amazônia para uma lista do Ministério das Universidades Renovadas - MUR e recebemos esta linda partilha do Bruno, que escutou o chamado missionário e esta em missão. Vejam que linda a partilha dele.
Bruno, nós do Projeto Amazônia, bendizemos a Deus pelo dom de sua vida e ficamos felizes sem saber do seu SIM. E, é claro vibramos com suas experencias.
Vale conferir o testemunho do Bruno.

Olga Oliveira
Comunicação Projeto Amazônia.


Oi Luquinhas, como vão?
Sou o Bruno, que estive por um tempo com vcs, c o GOU na FAE-UFMG. Acredito q nem todos me conheçam, estou já há algum tempo sumido. Se Deus quiser no proximo ano volto a estudar e portanto a participar do Universidades Renovadas.
Mas o que me motivou a escrevê-los é o desejo de partilhar um pouco como foi a minha Missão no Pará, no ano passado. Por lá passei dois meses. Fui em resposta à Campanha da Fraternidade, "Vida e Missão nesse Chão", e entendi que cumpriria esse convite da Igreja indo até lá, e fui. Fiz contato c o COMIDI-BH q me enviou.
Peguei o onibus daqui de BH p Belém, e quarenta e oito horas depois cheguei, e por lá fiquei uns dois dias acolhido na Comunidade Shalom. Depois segui caminho à Cametá, parte do trajeto de ônibus, parte de balsa, parte de barco até que enfim, nas margens do Rio Tocantins, cheguei. Fiquei impressionado c a beleza e a grandeza do Rio Tocantins é algo proximo do maravilhoso. Esqueci de dizer que em Belém já comecei a experimentar do calor, q é muito forte. Mesmo molhado de chuva c calor continuava,depois percebi q frio é algo q não se sente aqui.
Fui muito bem acolhido, cheguei no onibus da tarde, e fiquei sabendo q me esperavam no onibus das 12h e q tinham preparado um bom almoço p mim. Assim já começei a entrar em contato com o carinho do povo Cametaense, muitas vezes fui bem recebido e as vezes até com verdadeiros banquetes.
Fiquei hospedado no seminário Pe. Josimo que foi um Pe. que foi morto por fazendeiros do Maranhão por lutar por pelo bem, pela justiça. Tive então um primeiro contato c os chamados Mártires da Terra.
Minha primeira atividade foi acompanhar os padres nas suas celebrações. E assim os conhecer,e conhecer as comunidades, principalmente as ribeirinhas. São poucos os Padres aqui, com uma média de cinquenta comunidades cada. E não pensem que é uma do lado da outra, pertinho como as daqui. Não, são comunidade q p se chegar as vezes demora horas de barco ou horas de estrada. às vezes em barquinhos pequenos, como as nossas canoas, ou em estradas barrentas, quase intransitáveis. Percebi que não sentiria frio ao acordar as 4h da manhã (p tomar o barco as 5h) e tomando banho na agua fria não fiquei tremendo de frio como aconteceria aqui.

Por isso quis antes de tudo me fazer "proximo", solidarios com os padres que ali trabalham. Comecei orgulhoso me dizendo missionário da Igreja Irmã de Belo Horizonte. Depois tristemente dizia isso por ver o pouco ou nada que fazemos por eles. Os que ali trabalham são verdadeiros missionários, que carregam grandes cruzes, as vezes sozinhos naquela imensidão de verde e água. É uma igreja crucificada e no fim das contas ainda abandonada. O falatório da Campanha da Fraternidade atingiu poucos corações, poucos gestos concretos. Mas é também uma Igreja ressucitada pela garra dos que ali permanecem. quem enfrentam o calor, a falta de conforto, a malária, a perseguição dos poderosos, a solidão, as grandes distancias, p anunciar o Reino de Deus. Lá é uma verdadeira escola de Missionaridade. Quer se tornar um verdadeiro missionário? faça uma experiência por lá. Pela dificuldade em se chegar e pelos poucos padres, as celebrações são raras em algumas comunidades demorando as vezes meses entre uma celebração e outra. por isso vi acontecendo numa mesma celebração, 07 casamentos e 15 batizados. imaginam o q é isso?
Depois o Pe. Nonato, o reitor do seminario q me acolheu, me confiou a visita a algumas comunidades. E a elas fui, as vezes de bicicleta, as vezes de carona de moto q depois aprenderia a andar. Aqui é quase uma obrigação q os missionários andem de moto pois existem comunidades que só se chega depois de horas de trilha no meio da floresta. Todos os padres são motoqueiros e por vezes chegam todo embarrelados das suas missões. Fazendo as visitas fui muito bem acolhido, é um povo sedento da palavra de Deus q precisam de pouco p produzir bons frutos.
Fui depois disso, enviado então p pregar um retiro p catequistas em Pacajá, mais a oeste do estado. Peguei o onibus p Tucuruí, (aonde têm a hidrelétrica), cinco horas de viagem num onibus q não me dava certeza se chegaria ao destino, numa estrada muito enlameada, cheguei. Fui recebido por um Pe. Mineiro lá enraizado, que lutava contra a eletronorte em favor do pescadores. Preguei em alguns grupos de oração por lá, e depois segui viagem a Pacajá. Mais cinco horas de viagem numa estrada terrível. Lá chegando fui recebido pelo Pe. Crispim, q um pouco rispidamente me acolheu. Parece q a dureza da missao as vezes endurece quem ali trabalha, mas pouco depois vi a grandeza do coração desse homem e o coração alegre q ali existia. Percebi q nem sempre os santos se mostram c um sorrizo engessado como costumamos ver por aqui. No quarto vi a foto de um outro Martir da Terra, Chico Mendes, fundador do PT, seringueiro morto no Acre. Depois do encontro c os catequistas fui a Anapu, terra da Irmã Doroth, e visitei seu túmulo. Vi q ali se alguém vive a radicalidade do evangelho e luta por justiça, põe sua vida em risco. Ou seja é terrra de martires. Conheci Pe. Amaro, companheiro de Doroth, e ainda jurado de Morte, pelos fazendeiros.
Lá a Igreja têm um jeito proprio, diferente, original. Talvez por pisarem muito no chão de terra se tornaram diferentes. Fui apresentado ao Bispo, Dom Jesus, e quase ia todo bem vestido, c sapado e blusa social. Graças à Deus, não fui, pois ele estava todo sujo ajudando numa reforma da casa episcopal. Eles vivem numa liberdade e numa falta de formalidade q é um pouco raro. É só chegar no muro e gritar:Sr. Bispo...e ele logo atende. E isso não tira o grande respeito q o povo de lá têm pelos seus pastores.
Se fazer proximo e se fazer responsável é a sintese do Cristianismo. Por isso estou voltando agora em outubro para passar mais dois meses por lá, que Deus abençoe essa minha nova missão.
Que todos q sentem o desejo de ir, que não percam esse bom desejo, mas se ponham a caminho...
um abraço a todos,
Saúde e Paz, rezem por mim,
Bruno Cardoso.

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