A missionária Elôisa, partilhou da missão para seu grupo e agora com voce como esta sendo para ela, este tempo de missão. Vale conferir.
Muitas pessoas me perguntam como tem sido a missão, o que tenho feito, como é aqui e por aí vai.... tenho muitas coisas pra contar de diferente, inclusive, quase tudo aqui é diferente. Assim como falei a muitos de vocês que eu não voltaria da mesma forma que saí de Ponta Grossa, volto a afirmar que não voltarei, já não sou a mesma Elô diante de todas as situações que tenho vivido e presenciado aqui em Breves.
Vou falar um pouco da situação social do município de Breves e depois falo um pouco da situação da Igreja.
Bom, pra início quero lembrar aqui que estamos falando de um dos municípios de uma ILHA (Ilha do Marajó), que é composta por um emaranhado de rios, que formam vários rios. Diz-se uma ilha, mas, na verdade, são várias ilhas.
O município de Breves é o maior da ilha, sendo que tem 40 mil pessoas na cidade e 50 mil no interior (comunidades ribeirinhas). Para chegar nas comunidades do interior utiliza-se o transporte fluvial unicamente. Para chegar da capital do Estado (Belém) em Breves, gasta-se 12 horas num barco ou 45 minutos num avião; a passagem de barco custa R$ 45 e a de avião R$ 200.
A situação em que o povo brevense vive é de extrema pobreza. Em todos os bairros da cidade a pobreza é gritante. As ruas são repletas de buracos e, como estamos em época de chuva, é também repleta de lama. Há muito lixo nas ruas. Eu me indignava com o povo pontagrossense que não é muito consciente nisso (RS), mas em Breves a situação é alarmante.
Uma coisa triste e hilária é que falta água na cidade! A empresa que cuida da água não está em boas condições e tampouco cuida bem da água. É comum ver pessoas (em sua maioria crianças e adolescentes) passando com baldes para buscar água em poços artesianos.
A educação é muito pobre e nem há incentivo para uma educação de qualidade. Por parte do governo municipal não há incentivo para nada. Até pouco tempo o que sustentava Breves eram as madeireiras. Mas, agora, pelo corte desregulado das árvores, a madeira de qualidade está acabando e muitas madeireiras já começaram a fechar. Isso significa desemprego para grande parte da população. Perguntei para o pessoal aqui porque não fazem outras atividades. Afinal, estamos na Amazônia! Muitas coisas podem sem plantadas... me responderam que não há incentivo da prefeitura para outras coisas que não seja a madeira.
Não há médicos na cidade. Para tudo que seja necessário um médico precisa ir pra Belém. Tem um posto de saúde, mas quem atende lá são os auxiliares de enfermagem.
Outro dia fui na feira comprar algumas coisas pra casa, comprei um quilo de banana por R$ 2,50, uma lata de óleo de soja por 3,50. Todos os alimentos são transportados para cá pelos barcos, inclusive os frios. Porém, não há barcos que transportem exclusivamente frios, portanto, eles passam 12 horas ou mais fora de geladeiras para chegarem aqui e serem novamente congelados. Imaginem a situação!
Pra não me estender muito, falo um pouco agora da situação da Igreja.
Todo o município forma uma só paróquia (Paróquia de Sant`Ana): na cidade, são oito capelas mais a matriz e no interior são 178 comunidades. Para todas essas comunidades são apenas três freis da ordem dos Agostinianos Recoletos que trabalham aqui. Isso significa que são 178 comunidades ribeirinhas que recebem a visita de um sacerdote uma vez ao ano, portanto, Eucaristia uma vez ao ano.
A situação da Igreja aqui é muito triste. Os freis se dedicam integralmente, sem descanso, às atividades, mas é visto que é humanamente impossível atingir todo o que seria o ideal. Visitar uma vez ao ano uma comunidade? Os protestantes estão invadindo e levando os nossos católicos.
Há uma Igreja carismática aqui, basta que ela se erga e assuma que é verdadeiramente serva do Espírito Santo. Faltam lideranças, o povo precisa ser “balançado” e juntando a isso falta incentivo para tudo. É engraçado que realmente toda a Igreja é carismática, eles cantam músicas da RCC, as orações são na mesma linha da RCC em toda a Igreja, só não utilizam os carismas.
O que mais vejo aqui é que há uma Igreja que grita por mais sacerdotes e grita por formação e um povo que tem fome. Nesta semana, mesmo, morreu uma criança por desnutrição, e tem outra em estado grave, é urgente, um novo Pentecostes, para que a vida seja transformada em todos os seus aspectos.
Elôisa
sábado, 28 de junho de 2008
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